domingo, 25 de outubro de 2009

EDUCAÇÃO PARA NOVOS TEMPOS

A sociedade do conhecimento definiu uma mudança na visão cultural a partir da percepção de que novas atitudes se moldam de acordo com o contexto educacional. A mudança e inserção das pesquisas sobre o homem, sobre o subjetivo característico do homem no campo científico, pressupõe a consideração da sociedade que não é absoluta, dando-lhe um caráter de provisoriedade.
O conhecimento humano, a partir das pesquisas e experiências práticas é subjetivamente determinado, onde podem originar-se processos formativos que possibilitem a formação de valores de acordo com a situação em que se expõe este sujeito.

Então, processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais, são à base de consistência para o que chamamos: Educação, de acordo com o art 1° da LDB n° 9.394[1] (1996). O sistema educacional salienta-se pelo desenvolvimento de um processo complexo com várias faces, processo este caracterizado como sendo plurifacetado, ocorrendo de diversas formas. Num primeiro momento, a educação formal, estabelecida por um sistema educativo, regido por normas e diretrizes educacionais, centralizadas num currículo definido e flexível, se enquadra em padrões e procedimentos definidos anteriormente em planos pedagógicos para posterior aplicação no dia-a-dia da escola. Num segundo momento, há a educação não-formal, que compreende as atividades educacionais organizadas, sistemáticas, porém executadas fora do quadro do sistema formal para oferecer formas selecionadas de ensino a determinados grupos da população. E por fim a educação informal abrange todas as possibilidades educativas que acontecem no decurso da vida do indivíduo, é um processo permanente e contínuo, embora não organizado por um sistema formal.

O processo educativo seja ele formal, não-formal ou informal, sempre é uma ação social, uma vez que está baseado nas relações que se estabelecem entre sujeitos, entre educadores e educandos, que se transformam em aprendizes um do outro. Não há como fugir da sociabilidade, e a educação, por si mesma, já a pressupõe e intensifica. (ANDRIOLI, 2007, P. 40)

Por ser uma ação social, a educação não é neutra, agindo diretamente sobre a sociedade na medida em que transforma as relações entre os indivíduos. Pode, assim, contribuir para ser reprodutora de uma ideologia dominante, visão crítica, ou pode ser libertadora, quando formada pelos seus agentes e focada na construção de consciências responsáveis, numa visão humanista.

Portanto, se a educação tem a finalidade de construir cidadania está dentro de suas premissas uma cultura para a cooperação entre os indivíduos. Educar é gerar consciência dos atos cometidos e responsabilizar-se por estes, buscando o melhoramento contínuo das pessoas, tendo por conseqüência a formação e transformação da sociedade como um todo. Ela acontece no espaço das relações sociais. No caso de uma organização cooperativa, essas relações têm como base os interesses, as necessidades de seus integrantes e os objetivos da associação. Esse processo educacional é histórico e segue de geração em geração, sempre ocorrendo a mutação e adequação necessária para o acúmulo de cultura e geração de conhecimento de maneira dialógica, na interlocução dos indivíduos, buscando consensos e entendimento de todos com relação as relações sociais, aos objetivos de vida, trabalho, ou seja, nos relacionamentos que se tecem no ato de conviver.

A relação entre a cooperação e a educação dá-se na prática social, no relacionamento humano, em toda vivência e troca de experiências. Todas as pessoas devem se relacionar, unificando o ato de educar com as relações entre indivíduos de uma mesma sociedade. A co-participação na educação é de responsabilidade de todos os membros da sociedade, uma vez que somos co-atuantes e receptores a todo o momento da transformação social e de consciência universal.

Ninguém escapa da educação.

Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, par ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. (...) Não há uma forma única nem um único modelo de educação: a escola não é o único lugar em que ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a única prática, e o professor profissional não é seu único praticante. (FRANTZ, 2001, P. 250)

O ser humano educa e é educado na medida em que convive em sociedade. E através dela, a educação, que o homem constrói o sentido de sua vida. É uma prática de interinfluências, na medida em que se convive e aprende-se em sociedade, mesmo que indiretamente, de uma maneira informal um indivíduo ajuda na formação de consciência de outro indivíduo. Por isso é uma prática a qual ocorre a influencia das pessoas entre si, pois a agregação de valor e o conhecimento se ocasionam com a troca de experiências e informações quando se tomam posições diante da sociedade com nossas crenças e afirmações.

As tendências pedagógicas pós-modernas reconhecem o impacto das novas tecnologias, da multiplicação e globalização da informação, porém não prestou atenção na formação do cidadão que se almejou. Diz-se que há uma crise na formação moral, nos valores e na formação das consciências.

O termo pós-moderno será empregado para designar essas transformações ocorridas nos últimos tempos, nas dimensões sócio-econômicas e políticas.

A queixa e o descontentamento com relação aos objetivos ilustres da modernidade que em muito não foram alcançados repercutiram na desilusão da educação como formadora para mão de obra que veicularia de forma mais garantida a ascensão social. Com isso, originaram-se muitas críticas a educação ofertada nas escolas, principalmente quando se observa as tendências de futuro para as sociedades pós-modernas.

Pierre Lévy (1999, p. 29), afirma que,

A educação como ação social ou como prática social “aparece como uma ação entre sujeitos ou como uma “prática sobre outros”, procurando influenciá-los em suas idéias e seus valores, em seus modos de pensar, de interpretar a vida social, especialmente a da realidade cooperativa, sugerindo ou levando-os a comportamento e visões de mundo favoráveis à natureza da prática cooperativa. (...) Para além das diferentes funções que as práticas de educação possam assumir na organização e funcionamento de uma cooperativa, colocam-se a esta o desafio da produção do conhecimento, ou, de acordo com a expressão de Pierre Lévy, da inteligência coletiva. (apud FRANTZ, 2001, p. 260)

Assim nosso conhecimento é uma construção coletiva, apoiando-se na escola como um local privilegiado para essa construção. Hoje a escola tem uma proposta muito mais evoluída quanto à valorização do ser humano, considerando a participação do educando na construção do seu saber junto aos demais, porém o que se observa como dificuldade é a operacionalização ou a prática destes fundamentos.

A prática escolar ainda e cada vez mais está distante da teoria e é nesse ponto que é necessária uma urgente mudança. Vincular a educação que é um processo, ainda, plurifacetado, com práticas de cooperação é uma alternativa emergente para formação de novas consciências coletivas, firmadas em valores de solidariedade com o fito de preparar educandos fortalecidos e unidos ao enfrentamento das adversidades futuras. É por isso que se segue neste próximo capítulo o estudo que liga e demonstra a colaboração que as práticas de cooperação têm a contribuir para a educação.
[1] Atual Legislação de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Brasileira Nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996.


By, Vânia Meneghini

Vânia Meneghini

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Joinville, Santa e Bela Catarina, Brazil
Mestranda do curso de Ciências de la Educación. UPAP.