sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

EDUCAÇÃO E COOPERAÇÃO: O DESAFIO DO POR VIR...

ARTIGO: EDUCAÇÃO E COOPERAÇÃO: O DESAFIO DO POR VIR...

Vânia Meneghini
Pedagoga
Faz-se urgência da hora atual saber conviver. Um planeta de guerras por território, guerras ideológicas, xenofobia, não aceitação, ou melhor, uma planeta com muita gente egoísta. O apelo para o cessar fogo toma forma, cor e expressão e vem de todos os lugares.
Como pedagoga me remeto a escola, penso que esta é espaço privilegiado para a formação do indivíduo social que exerce sua cidadania a medida que atua na sociedade. As atividades desenvolvidas no contexto escolar vão muito além da aprendizagem de conteúdos, transcorrendo pelas relações sociais que se tecem no ato de conviver.
Nela pode-se perceber uma guerra psicológica, entre os próprios alunos, entre aluno e professor, entre professores, e outros. O desrespeito, desinteresse, as obrigações, a imposição, isso tudo gera desequilíbrio e caracteriza a violência simbólica que atravessa os muros escolares. Nossos professores se indagam a todo momento sobre o “quê fazer” e “como fazer” frente aos novos desafios.
A escola, preocupa-se com a aprendizagem do educando, mas ainda colabora para a formação de um cidadão individualista na sociedade de classes e de dominação, que já vem com menos valores familiares e com aspirações de futuro incertas. Mas aí, vem o outro lado: A aprendizagem compartilhada, uma situação dinâmica de co-educação e cooperação beneficia o aproveitamento escolar e fomenta a busca por um espírito mais fraterno.
Freinet nos deixou um ensinamento importante, que “a verdadeira fraternidade é a que nasce do trabalho. Por isso valoriza a atividade manual e a de grupo, que estimula a cooperação, a iniciativa e a participação”. O trabalho mencionado por Freinet já começa na infância com as atividades realizadas também na escola.
O sucesso da educação e do aproveitamento escolar passa sobretudo pela alegria do tempo desprendido entre tarefas escolares, momentos de estudo, intervalos, brincadeiras, desentendimentos, frustrações, superações e conquistas.
Historicamente relata-se que a cooperação entre os indivíduos ocorria na procura por segurança, unindo-se grupos de mesmos interesses e objetivos para que fortalecendo-se possam ultrapassar as crises e dificuldades decorrentes das grandes transformações, hoje potencialmente mais velozes.
Sabemos que a economia capitalista atravessa uma crise econômica de proporções ainda não calculadas, porém a história nos retrata que na ocorrência de outros momentos críticos da economia a procura por aglomerados associativos, novamente como fonte de fortalecimento para o enfrentamento das dificuldades.
A educação como formadora de indivíduo e cidadão que atuará na sociedade, também se remete a estas reflexões acerta da importância de desenvolver uma consciência coletiva, já nos trabalhos e vivências escolares, com o objetivo de fortalecer o trabalho em parceria e resgatar os valores de solidariedade a fim de preparar estes educandos para o enfrentamento futuro das crescentes transformações mundiais, principalmente no campo do trabalho.
Não se pode ver na educação, no tempo escolar, o local do problema, mas sem dúvidas, passa por ela, justamente por ser o local onde a criança desenvolve-se como cidadão de direitos conscientemente, lá se aprende e se ensina a viver: convivendo.
A cooperação pode ser uma estratégia eficiente para o enfrentamento dos inúmeros problemas afetos à educação na atualidade, que posteriormente se sucederá à sociedade. Será que estamos prontos para cooperar?
Contudo uma educação de qualidade pode ser a oportunidade de transformação do indivíduo fomentando o interesse em estabelecer relações sociais mais harmoniosas, porém se for o contrário é grande intensificadora do egoísmo na sociedade.

Vânia Meneghini

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Joinville, Santa e Bela Catarina, Brazil
Mestranda do curso de Ciências de la Educación. UPAP.